O sonho de se tornar jogador de futebol levou crianças de cidades da região a Formiga, onde deveriam treinar em uma escolinha esportiva. Mas o que parecia uma oportunidade de futuro se transformou em um caso de polícia. Um homem de 51 anos, natural da Bahia, foi detido nesta quarta-feira (15), suspeito de manter menores em condições precárias em um alojamento no bairro Santa Luzia.
A Polícia Civil, em parceria com o Conselho Tutelar, resgatou seis crianças com 13 anos ou menos — cinco de Arcos e Lagoa da Prata e — que viviam em um local sujo, com pouca comida, alimentos estragados e até bebidas alcoólicas. Parte dos meninos tinha apenas autorização genérica dos pais, e duas crianças estavam sem qualquer documentação.





As denúncias chegaram à Polícia Civil na manhã de terça-feira (14), após comerciantes das proximidades do alojamento relatarem que as crianças eram vistas caminhando pelas ruas, maltrapilhas e pedindo comida. Diante da gravidade da situação, a polícia agiu já na manhã seguinte, nesta quarta-feira (15), para resgatar os menores. Segundo o delegado Dr. Emmanuel Robson, a decisão foi tomada com base na necessidade imediata de proteger as crianças, sem aguardar novas etapas do inquérito.
Os menores contaram, em escuta especializada, que estavam em Formiga há cerca de uma semana e que chegaram a pedir comida nas ruas. Porém, o delegado informou que comerciantes de ruas próximas da casa em que as crianças estavam, afirmaram que havia mais tempo em que os menores eram vistos pelas ruas.
Os menores disseram ainda, que preparavam o próprio alimento e que, quando a polícia chegou, o responsável mandou que os colchões usados por eles fossem escondidos por estarem mofados.
De acordo com as investigações, crianças de Formiga também participavam dos treinos. Pais relataram ter recebido cartas com timbre do Guarani Esporte Clube, sediado no município, com instruções a venda de rifas no total de R$ 500, valor que seria usado para custear uma viagem a São Paulo, prevista para janeiro de 2026. Já as crianças de outras cidades informaram que eram obrigadas a vender rifas, também no valor total de R$ 500 — o chamado “quinhentão” — para cobrir gastos de estadia e da suposta viagem para o município de São João da Boa Vista. O delegado informou que o presidente do Guarani já foi contactado e está cooperando com as investigações.

O suspeito poderá responder por crimes como abuso de menor e estelionato, além de maus-tratos. A Polícia Civil também avalia a responsabilidade dos pais das crianças trazidas de outras cidades, que poderão responder por abandono ou negligência. Todas as crianças passarão também por exame de corpo de delito para a averiguação se também foram vítimas de algum crime sexual.
As investigações continuam sob a coordenação do delegado Dr. Emmanuel Robson, da Delegacia de Proteção à Família, que já entrou em contato com os responsáveis legais para acompanhar o caso.
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