A partir desta quarta-feira (6), entra em vigor a nova tarifa de 50% imposta pelos Estados Unidos sobre produtos brasileiros. A medida, oficializada no último dia 30, por meio de uma ordem executiva assinada pelo presidente Donald Trump, soma 40% a alíquota anterior de 10%.
Apesar de algumas exceções, a decisão deve impactar diretamente setores estratégicos da economia nacional. O mercado norte-americano é o segundo maior destino das exportações brasileiras, atrás apenas da China, com destaque para petróleo, carne e café — os líderes em receita. A taxação deve alcançar 35,9% dos produtos brasileiros que são exportados, segundo projeção divulgada pela Secretaria de Comércio Exterior do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços.

A regra geral estabelece que todos os produtos brasileiros importados pelos EUA estarão sujeitos à nova taxa, salvo exceções específicas. A consequência direta é um aumento expressivo no custo dessas mercadorias no mercado americano.
Confira os produtos afetados pela tarifa
- Café
O Brasil, maior exportador mundial de café, tem nos EUA um de seus principais clientes. Em 2024, o país embarcou quase US$ 2 bilhões em café para o mercado norte-americano, o equivalente a 16,7% do total exportado.
- Carne bovina
Segundo a Abrafrigo, os EUA responderam por 16,7% das exportações brasileiras de carne bovina em 2024, com 532 mil toneladas e US$ 1,6 bilhão em receita. A Minerva estima uma redução de até 5% na receita líquida.
- Frutas
O setor frutícola brasileiro também será impactado. Em 2023, o país exportou mais de 1 milhão de toneladas de frutas.
- Máquinas agrícolas e industriais
O decreto prevê exceções pontuais, como peças voltadas para a indústria de papel e celulose e artigos relacionados a aeronaves civis. No entanto, máquinas e componentes fora dessas categorias serão tarifados.
- Móveis
Alguns tipos de móveis foram poupados, mas apenas aqueles classificados como artigos de aeronaves civis, como assentos específicos e móveis de metal ou plástico voltados a esse uso. O restante do setor será atingido pela nova tarifa.
- Têxteis
Não houve isenção ampla. Apenas itens muito específicos, como fio de sisal para enfardamento e produtos voltados à aviação civil, foram excluídos.
- Calçados
Sem exceções, os calçados brasileiros estão integralmente sujeitos à nova tarifa de 50%, o que pode impactar um setor já pressionado pela concorrência internacional.
A nova taxação foi determinada pelo presidente Donald Trump, que assinou uma ordem executiva e declarou uma nova emergência nacional para justificar a medida. Segundo o governo americano, ações recentes do Brasil representam uma ameaça à segurança nacional, à política externa e à economia dos Estados Unidos.
O texto da ordem também traz duras críticas ao governo brasileiro, acusando-o de perseguição política contra o ex-presidente Jair Bolsonaro e seus aliados, além de supostas violações de direitos humanos e enfraquecimento da democracia.
Impacto nas exportações brasileiras
Os produtos afetados pelo tarifaço, segundo o balanço do governo, tiveram uma venda de exportação para o país correspondente a US$ 14,5 bilhões em 2024.
A projeção considerou regras de aumento e exceções pela Casa Branca. As taxas entram em vigor em 6 de agosto e atingem produtos fundamentais para o setor produtivo brasileiro, como carne e café. Por outro lado, quase 700 produtos brasileiros não serão tarifados.
A lista de exceções alcança 45% das vendas aos Estados Unidos, de acordo com o levantamento. No caso dos produtos beneficiados, o valor arrecadado em 2024 corresponde a US$ 18 bilhões.
Em outra frente, o ministério aponta que 19,5% das exportações brasileiras seguem tarifas específicas, de acordo com padrões internacionais. Esses valores correspondem a US$ 7,9 bilhões.
“Essas tarifas foram adotadas com base em segurança nacional (Seção 232) e, sobre esses produtos, não se aplica a medida anunciada ontem. No caso de autopeças, por exemplo, a alíquota é de 25%, aplicável a todas as origens”, afirma o ministério em nota.
Fonte: R7
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