Um policial penal foi morto na noite deste sábado (2) no Hospital Luxemburgo, em Belo Horizonte, durante a escolta de um preso que estava internado para tratamento médico. A vítima foi identificada como Euler Oliveira Pereira Rocha, que foi atingido por dois disparos de arma de fogo após uma tentativa de desarmamento feita pelo detento Shaylon Cristian Ferreira Moreira, de 26 anos.
De acordo com a Polícia Militar, Shaylon estava internado desde o dia 27 de julho sob custódia da Polícia Penal. Durante um momento de descuido da escolta, ele tentou subtrair a arma do agente que o acompanhava. Houve luta corporal e, na sequência, Shaylon conseguiu se apossar da arma e efetuou dois disparos contra o policial penal, que não resistiu aos ferimentos mesmo após tentativas de reanimação feitas pela equipe médica do hospital. O atendimento foi prestado pelo médico Dr. Marcelo Vieira Gissoni de Carvalho.

Após os disparos, Shaylon se disfarçou com o uniforme do agente, pegou uma bolsa e fugiu pelas dependências do hospital. Uma funcionária da enfermagem relatou ter ouvido os gritos “perdeu, perdeu” seguidos de estampidos. Ela viu o detento saindo do quarto já fardado, com as mãos sujas de sangue, e, inicialmente, pensou tratar-se de um policial.
A fuga gerou uma grande operação policial, com cerco nas imediações e acionamento da aeronave Pegasus. Pouco depois, o autor foi localizado em um veículo de aplicativo na Rua Gentios. O motorista, Éder Lucas Amorim Gomes, contou que foi chamado por uma mulher, Luana Caroline Silva Velho, que acreditava estar ajudando um policial a socorrer a mãe.
Durante a abordagem, os militares visualizaram Shaylon no banco traseiro tentando esconder o rosto. Ele ainda usava o fardamento do policial penal e levava a bolsa subtraída, onde foram encontradas três pistolas — duas delas pertencentes à Polícia Penal — além de 65 munições, cinco carregadores e outros itens de uso policial.
O preso afirmou que sofreu um ferimento na testa ao cair durante a fuga, sendo posteriormente atendido no Hospital João XXIII. A perícia foi acionada e os trabalhos no local do crime foram conduzidos pelo perito Bruno Henrique. O corpo da vítima foi recolhido pela equipe do rabecão da Polícia Civil.
O caso foi registrado e segue sob investigação. Shaylon Cristian Ferreira Moreira permanece sob custódia da Justiça.
Escoltas hospitalares são feitas em condições precárias, diz sindicato
Em entrevista ao G1, o presidente do Sindicato dos Policiais Penais de Minas Gerais (Sindppen-MG), Jean Ottoni, criticou as condições das escoltas hospitalares e questionou o motivo de o agente estar sozinho no momento do crime.
“Geralmente, a escolta hospitalar é feita por dois policias penais, mas o que sabemos é que, no momento do ocorrido, ele estava sozinho. A corregedoria já está tomando as providências para saber qual a real situação”, disse.
Ottoni também apontou a precariedade das condições de trabalho enfrentadas pelos agentes durante esse tipo de missão.
“O sindicato vem acompanhando essas escoltas hospitalares, porque em muitas das vezes falta um local adequado para o policial trocar de roupa, tomar um banho. Já denunciamos isso. Nós não temos o quarto de hora, como a Polícia Militar e o Exército têm”, contou.
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