O filho ilustre de Formiga, Luiz Antônio Cruz Souza, que é professor da Escola de Belas Artes da UFMG, foi o primeiro latino-americano a receber o Prêmio Forbes do Internacional Institute for the Conservation of Historic and Artistic Works (IIC/em português, Instituto Internacional para a Conservação de Obras Históricas e Artísticas). A honraria deste ano foi entregue na segunda-feira, dia 23, em Lima, no Peru, na abertura do 30º Congresso do IIC, onde o formiguense também ministrou uma palestra.
E foi apresentado um vídeo em que aparece a Igreja do Rosário que foi demolida e vendida em Formiga para adornar uma fazenda que o professor iniciou a sua palestra “Eu adoraria mudar o mundo: um patrimônio de cada vez”. O tema abordado por ele trata da promoção da diversidade social e inclusão na preservação do patrimônio cultural. Luiz Antônio defendeu que se valorize o patrimônio de grupos e comunidades negligenciadas como as das mulheres, dos negros, quilombolas, indígenas e pessoas LGBTQIAPN+.
“Quando falei de minhas origens, falei do orgulho de ser formiguense, nascido e criado na Rua Nova, e exibi uma montagem que o Cleber fez na comunidade ‘Formiga Fatos e Fotos’, na qual mostro em primeiro plano a Igrejinha do Rosário, que então desaparece para dar lugar a uma praça, mas que teria sido demolida e vendida para adornar uma fazenda. E cito que os negros foram roubados de seu lugar de oração e festas populares, num dos meus primeiros sentimentos de perda irreparável do patrimônio cultural de comunidades negligenciadas. Destaquei o preconceito e a violência que sofrem essas comunidades. O patrimônio cultural é o elo de ligação, é preciso conhecer e respeitar a história e a cultura de todos os grupos”, afirmou Souza.
Quem é o formiguense Luiz
Morador da Rua Nova, logo abaixo do Cruzeiro Luminoso, Luiz Antônio cursou o primário no Grupo Escolar Pio XII e foi da primeira turma do Colégio Polivalente, isso nos anos 1970, quando a instituição ainda era do regime de tempo integral. Filho da Dona Terezinha e do Seu Antônio Borges, só foi para escola particular porque conseguiu bolsa de estudos no Colégio de Aplicação, hoje, Colégio Unifor.
O formiguense possui graduação em Química pela UFMG (1986), mestrado em Química-Ciências e Conservação de Bens Culturais pela mesma universidade (1991), com trabalho experimental realizado no IRPA (Institut Royal du Patrimoine Artistique), em Bruxelas, Bélgica, e doutorado em Química também pela Universidade Federal de Minas Gerais (1996), com trabalho experimental realizado junto ao Getty Conservation Institute, em Los Angeles, USA.
É ex-bolsista CAPES Senior – Estágio Pós-Doutoral, na Universidade de Perugia, junto ao Centro SMAArt – Scientific Methodologies Applied to Art and Archaeology, sob a coordenação do professor Antonio Sgamellotti (2014). É professor permanente do PPGArtes – Programa de Pós-Graduação em Artes, na Escola de Belas Artes da UFMG, e do PACPS – Programa de Pós-Graduação em Ambiente Construído e Patrimônio Sustentável – CAPES Interdisciplinar, da Escola de Arquitetura da UFMG.
Atualmente, é vice-diretor do Cecor – Centro de Conservação e Restauração de Bens Culturais, da Escola de Belas Artes da UFMG; coordenador do Lacicor – Laboratório de Ciência da Conservação, vinculado ao Cecor e ao curso de graduação em Conservação-Restauração de Bens Culturais Móveis, na Escola de Belas Artes da UFMG, onde é professor titular.
Tem experiência na área de Artes e Ciência da Conservação, com ênfase em Ciência e Tecnologia para a Conservação-Restauração de Bens Culturais, atuando principalmente nos seguintes temas: gerenciamento e análise de riscos para a conservação de acervos, conservação preventiva, conservação-restauração, peritagem e análise científica de obras de arte e gestão de preservação de patrimônio cultural.
Luiz Antônio foi o fundador, vice-presidente (2016-2018), presidente (2018-2020; reeleito para 2020 – 2022) e, atualmente, é membro do Conselho Fiscal da Antecipa – Associação Nacional de Pesquisa em Ciência e Tecnologia do Patrimônio – Ciência, Tecnologia e Inovação para o estudo e preservação do Patrimônio Cultural, entidade da sociedade civil que representa diversas instituições e profissionais da área de ciência e tecnologia aplicados ao estudo e conservação do patrimônio cultural, congregando conservadores-restauradores, historiadores da arte, engenheiros, arquitetos, químicos, físicos, biólogos, geólogos e outros vinculados a diversos laboratórios de universidades e instituições de pesquisa que atuam na área em todo o país. A Antecipa é o elo de representação internacional, na América do Sul e no Brasil, da Rede Européia E-RIHS – European Research Infrastructure for Heritage Science. Membro Permanente do WGS – Working Group on Sustainability, do ICOM Internacional – International Council of Museums.
O professor e pós-doutor formiguense Luiz Antônio Cruz Sousa já foi orientador em mais de 30 mestrados e doutorados.